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Cinco tipos diferentes de Rainha.

Atualizado: 26 de jul. de 2023

Diversos países adotaram e ainda adotam a monarquia como tipo de governo. Em uma monarquia, o rei ou rainha, imperador ou imperatriz ocupa o cargo de monarca e, geralmente, é chefe de Estado, podendo ser também chefe de governo.


Isabel I de Castela.


A sucessão mais típica nas monarquias em geral, foi a da primogenitura com preferência masculina, ou seja, na ordem de sucessão entravam os filhos do monarca, por ordem de nascimento, seguidos pelas filhas ou netos do monarca.


Imagem: Canal @históriafeminina.


Historicamente, muitos reinos proibiam a sucessão por mulheres ou por meio de uma linha feminina, em obediência à lei sálica. A lei sálica, que data do século XIV, ditava que uma princesa jamais poderia herdar a coroa do pai, passando-a diretamente para o parente do sexo masculino mais próximo. Pois entendia que às mulheres e o exercício do poder eram dois elementos incompatíveis, o que as tornava, segundo o pensamento da época, governantes fracas.


Esse quadro sofreu uma mudança significativa a partir do século XVI e XV, com Isabel I de Castela, considerada a primeira grande rainha da Europa. Em 1474, aos 23 anos, Isabel I, subiu ao trono de Castela, o mais poderoso reino da futura nação Espanha.


Diante dela, o desafio considerável de ser uma jovem rainha reinante, em um mundo predominantemente governado por homens e reis. Ela abriu o precedente moderno para outras mulheres assumirem o poder, através do título de Rainha.


Isabel I de Castela.






As rainhas eram mulheres originárias da realeza ou da alta nobreza, eram reverenciadas por serem filhas, irmãs, esposas e mães de reis, cujo papel social era o de gerar uma prole de herdeiros saudáveis para o trono, assegurando assim a continuidade da dinastia.






Isabel I de Castela.







E ainda eram uma importante peça de troca para forjar alianças e tratados de paz, entre as nações.







Nesta tipologia de soberana, podemos destacar cinco tipos diferentes de rainha.


Rainha Reinante.


Rainha reinante, é uma mulher que herda a coroa por direito próprio, tendo os mesmos poderes, direitos e responsabilidades de um rei. Uma mulher que também era rainha reinante precisava ser duplamente cautelosa, pois seus erros poderiam ser facilmente associados a uma suposta fraqueza do sexo, Elizabeth I da Inglaterra, aprendeu a jogar com essa situação e foi bem-sucedida nisso.


Elizabeth I.


A rainha Elizabeth I, é fruto do segundo casamento de seu pai, o rei Henrique VIII, com sua mãe, Ana Bolena.


Henrique VIII e Ana Bolena.


Não era esperado que Elizabeth fosse rainha da Inglaterra, pois ela tinha dois meios-irmãos: Mary e Eduardo que estavam na frente na linha de sucessão. Edward, porque era o único filho de Henrique e Mary por ser a filha mais velha de Henrique.


Mary e Edward VI.


Ambos subiram ao trono inglês, mas morreram sem herdeiros e por isso, Elizabeth, foi declarada rainha em 1558.


Elizabeth I.


Elizabeth I, declarou certa vez:

“Sei que tenho o corpo de uma mulher fraca e frágil, mas tenho o coração e o estômago de um rei, mais que isso, de um rei da Inglaterra.”

Sua fala já dava indícios de que sua condição de mulher não impediria de ser uma governante soberana. Ganhou o título de “rainha virgem”, pois nunca se casou, mas é sabido que teve vários amantes e pretendentes. Há muitas explicações sobre o motivo de ela nunca ter se casado. Provavelmente teria sido por razões políticas, pois a soberana tinha medo que, ao contrair matrimônio, ficaria em posição inferior ao marido.


O reinado da rainha Elizabeth I, durou quarenta e quatro anos sendo lembrado como um período de progresso, consolidação da igreja anglicana e importantes vitórias militares. Foi um momento relevante para a história da Inglaterra e por isso é chamado de "Era de Ouro" (1558 – 1603).


Elizabeth I.


O fato da monarca não ter tido filhos fez com que ela apontasse a Jaime, rei da Escócia, como seu sucessor. Esta decisão agradou aos protestantes, pois Jaime havia sido educado nesta fé e não representaria uma volta ao catolicismo, que dividia o país.


Jaime I da Inglaterra.


Elizabeth I, morreu em 24 de março de 1603, provavelmente de infecção respiratória, sendo a última rainha da dinastia Tudor a ocupar o trono inglês.


Elizabeth I.


Nos séculos XVII e XVIII, o governo das mulheres continuou forte, com nomes como Cristina da Suécia, Ana I do Reino Unido, Catarina II da Rússia, Maria Teresa da Áustria, entre outras.


Imagem: Canal @históriafeminina.


Rainha Consorte.


O termo rainha consorte é o título mais comum e o mais utilizado nas monarquias, é usado para se referir à esposa de um monarca reinante. Sendo assim, a rainha consorte, é a esposa do rei, e, embora hierarquicamente estejam na mesma posição, a rainha consorte não tem os papéis políticos e militares que o rei possui.


A figura bíblica de Maria, que era virgem e mãe ao mesmo tempo, deveria ser, o ideal máximo para uma soberana. Sua principal tarefa era gerar uma prole de herdeiros saudáveis para o trono, assegurando assim a continuidade da dinastia. Se falhasse nesse quesito, colocaria sua posição em grande perigo. Se fosse bem — sucedida, ganhava ainda mais respeito e confiança por parte do rei.


Em algumas monarquias, por exemplo, ela poderia inclusive exercer funções de conselheira, sendo por isso respeitada pela sabedoria que demonstrasse. A erudição em uma rainha consorte poderia lhe valer muitos privilégios, inclusive administrativos.


Um exemplo de Rainha consorte é a da rainha Charlotte, que ganhou fama devido às séries: Bridgerton e Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton.


Imagem: Canal @históriafeminina.


Sophia Charlotte de Mecklenburg-Strelitz, nasceu em 1744, no norte da Alemanha, ela viajou para a Inglaterra para se casar com George III.


Imagem: Canal @históriafeminina.


Casamento - 8 de setembro de 1761.


O casal real se uniu em matrimônio apenas seis horas após se conhecerem pela primeira vez. Dava tudo para dar errado, mas não deu. O casal se deu muito bem e a rainha deu à luz um total de 15 filhos e 13 deles chegaram à vida adulta.


George III, Charlotte e seus filhos.


Charlotte teve alguma influência nos assuntos políticos através do Rei, porém a sua influência foi discreta e indireta. Charlotte era uma patrona das artes e uma botânica amadora. Ela introduziu e popularizou a árvore de Natal na Grã-Bretanha.


Sophia Charlotte de Mecklenburg-Strelitz.


A rainha também foi responsável por organizar os famosos bailes de debutantes, onde mulheres jovens de famílias nobres eram apresentadas como debutantes à corte real. A rainha fundou orfanatos e, em 1809, tornou-se patrona do Hospital para grávidas, que ganhou seu nome. E se envolveu em projetos de caridade, pratica que permanece até os dias atuais, na família real britânica.


A educação das mulheres era de grande importância para Charlotte, pois a mesma recebeu uma educação rudimentar na juventude. Por isso assegurou que as suas filhas recebessem uma excelente educação, diferente do habitual para as jovens mulheres da época; contudo, ela também insistiu que as suas filhas vivessem vidas restritas perto da mãe, e recusou-se a permitir que elas se casassem.


Como resultado, nenhuma das suas filhas tiveram filhos. Após o início da loucura permanente de George III, em 1811, o príncipe, Jorge IV, tornou-se regente, mas Charlotte permaneceu como guardiã do marido até sua morte em 1818. O Rei morreu aos 82 anos em 1820, dois anos depois de Charlotte.


Imagem: Canal @históriafeminina.


Camilla Parker Bowles, assumiu a posição de rainha consorte do Reino Unido quando Charles III foi proclamado rei do Reino Unido, em setembro de 2022.


Camilla Parker Bowles.


Ela já havia tido um relacionamento amoroso com Charles na sua juventude e manteve um caso extraconjugal com ele quando ele era casado com a princesa Diana, o que fez dela uma figura bastante impopular no Reino Unido. Quando se casou com Charles, em 2005, anunciou que não utilizaria o título de rainha consorte, mas aceitou receber o título quando, Elizabeth II, anunciou que desejava que ela assumisse o título de rainha consorte quando Charles se tornasse rei.


Na cerimônia de coroação do marido, rei Charles III, Camilla Parker também foi coroada e com isso, a monarca deixou de ser chamada de “rainha consorte” e passou a ser nomeada apenas como “rainha”.


Camilla e Charles III.


Mas qual é a diferença entre os esses dois títulos? Bom, A rainha consorte não possui as mesmas atribuições de uma rainha. Na monarquia britânica, por exemplo, a rainha é aquela que assumiu o poder por estar na linha de sucessão do trono britânico. Já no caso da rainha consorte, ela assume o trono por ser casar com um rei. Depois que um rei morre, a rainha consorte não pode assumir o trono, uma vez que a linha de sucessão determina que o filho ou filha mais velho(a) do rei é quem deve assumir o trono.


Atualmente isso não tem importância, pois a mudança é apenas uma questão de nomenclatura e não interfere nas funções ou no título oficial de Camila.


Rei consorte.


Ainda, na monarquia britânica, não existem reis consortes, uma vez que a lei inglesa proíbe que esse título seja fornecido para o marido de uma rainha reinante, para não prejudicar a linha de sucessão ao trono britânico. Pois se a rainha morresse, por exemplo, o marido poderia tomar o trono ao invés de passá-lo ao sei herdeiro.


Para esses casos, o termo usado é príncipe consorte, como foram os casos de Jorge da Dinamarca, quando sua esposa Ana I, tornou-se, em 1702, rainha reinante do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.


Imagem: Canal @históriafeminina.


E Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, em 1840, quando sua esposa, Victoria, tornou-se rainha reinante do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.


Imagem: Canal @históriafeminina.


O consorte real mais recente foi o príncipe Phillip, marido da rainha Elizabeth II.


Príncipe Phillip e a rainha Elizabeth II.


Em Portugal, há o título de rei consorte, diferente da Inglaterra como vimos. Existem condições específicas para um consorte real masculino ser um rei consorte: ter um herdeiro real. Foi o que aconteceu por duas vezes, primeiro em finais dos anos do século XVIII, quando a rainha Maria I de Portugal, que começou a reinar em 1777, deu ao seu cônjuge (e tio), D. Pedro III, o título de rei consorte.


Imagem: Canal @históriafeminina.


Em 1836, D. Maria II de Portugal casou com o seu segundo esposo, Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, que ganhou o título de rei consorte em 1837.


Imagem: Canal @históriafeminina.


Rainha Viúva.


Rainha viúva, é uma ex-rainha consorte cujo marido, que era rei, morreu. Mas quando o filho de uma rainha viúva torna-se o monarca reinante a ex-rainha passa a ser conhecida como a Rainha Mãe, título este que dava muito poder e prestígio.


Rainha mãe.


O papel materno, é considerado o mais importante entre os muitos que uma rainha desempenhava, pois junto a função de estabelecer alianças entre seu reino de origem e o reino de destino, mais o dote que traria riqueza ao novo reino, estava sua função de perpetuadora da dinastia.



Através de sua sexualidade orientada para as funções reprodutoras, a rainha era diretamente responsável pela continuidade da linhagem. Nas palavras de David Loades:


“a rainha que era mãe de um herdeiro varão era duplamente afortunada. Não tinha só cumprido seu dever mais elevado — tinha também aumentado a autoridade do marido a um nível incalculável e demonstrado que Deus via favoravelmente o seu governo” (2010, p. 14).

Sabemos que a falta de descendência foi responsável pela anulação de vários casamentos reais e a única forma de uma rainha realmente se considerar segura em sua posição era dando luz a filhos, preferencialmente homens. Os exemplos mais famosos de rainhas que não tiveram sucesso nessa questão, foram os de Catarine de Aragão e de sua rival Ana Bolena. Ambas falharam em dar a Henrique VIII, rei da Inglaterra, um herdeiro homem.


Ana Bolena, Henrique VIII, Catarina de Aragão.


Catarina de Aragão teve seu casamento anulado e sua única filha com o rei, Mary foi declarada bastarda. Ana Bolena foi condenado a morte por decapitação, sobre a acusação de alta traição, bruxaria, incesto com seu próprio irmão, adultério com múltiplos homens, e sua única filha com o monarca, Elizabeth, foi declarada também bastarda.


Mas por ironia do destino, as duas filhas de Henrique VIII, subirão ao trono, após o falecimento de seu único filho, Edward VI. E Elizabeth I, tornou-se uma das mais populares e poderosas rainhas reinantes da história.


Mary e Elizabeth I.


Rainha Regente.


Rainha regente, é um dos títulos mais raros dados a uma rainha. Ela é a mulher do rei que governa o reino durante sua ausência. Duas das seis esposas de Henrique VIII, foram deixadas no comando do país.


Em 1 de junho de 1513, Henrique nomeou, Catarina de Aragão, como Regente na Inglaterra com os títulos “Governadora do Reino e Capitã Geral”, enquanto ele viajava para a França em uma campanha militar. Henrique estava fora país quando os escoceses entraram em guerra com a Inglaterra e Catarina cavalgou para o norte com a armadura completa para se dirigir às tropas, apesar de estar grávida na época.



A rainha regente saiu vitoriosa e enviou uma carta a Henrique, juntamente com um pedaço do casaco ensanguentado do rei Jaime IV da Escócia, que morreu na batalha, para que Henrique usasse como estandarte no cerco de Tournai, na França.


De julho a setembro de 1544, enquanto Henrique estava em uma campanha militar novamente na França, Catarina Parr, foi nomeada regente. Em caso de morte do rei, ela permaneceria como regente até que o príncipe Eduardo atingisse a maioridade. Apesar disso, em seu testamento, Henrique não deixou nenhuma função no governo para a rainha.


Imagem: Canal @históriafeminina.


Às vezes as rainhas atuavam como regente dos filhos, quando estes eram muito jovens para governar, o que possibilitava as mesmas de participar do governo do reino. Era uma grande oportunidade para o exercício do poder de fato, poder que, por vezes, nunca chegou a conhecer enquanto seu consorte era vivo, mesmo sendo através da influência sobre um filho.


Um exemplo de rainha regente foi a da rainha Catarina de Medici. Em 1533, com quatorze anos, casou-se com Henrique, o segundo filho do rei francês, Francisco I e da rainha Cláudia da França. Ela foi a rainha consorte da França de 1547 até a morte de seu marido, em 1559.


Catarina de Medici.


Ao longo de seu reinado, Henrique não permitiu que ela participasse dos assuntos do Estado e, em vez disso, favoreceu sua principal amante, Diana de Poitiers, que tinha grande influência sobre ele.


Rei Henrique no meio. Ao lado direto Diane e ao lado esquerdo a rainha Catarina de Médici.

Imagem: Canal @históriafeminina


A morte inesperada de Henrique a empurrou para a arena política como a mãe do frágil rei Francisco II, de quinze anos. Quando ele morreu, em 1560, ela tornou-se regente de seu filho, o rei Carlos IX, de dez anos, com amplos poderes. Depois que Carlos morreu em 1574, Catarina teve um papel fundamental no reinado de seu terceiro filho, Henrique III, que dispensou os conselhos da mãe somente em seus últimos meses de vida.


Imagem: Canal @históriafeminina.


Seus três filhos reinaram na França em uma época de guerra civil e religiosa quase constante. Ela recorreu, durante seu governo, para políticas mais rigorosas. Por conta disso, chegou a ser responsabilizada pelas perseguições excessivas realizadas sob o reinado de seus filhos, em especial pelo massacre de São Bartolomeu, no qual milhares de huguenotes protestantes foram mortos em Paris e em toda a França de maioria católica.


Massacre de São Bartolomeu - 24/08/1572.


Alguns historiadores têm isentado Catarina da culpa pelas piores decisões da coroa, embora evidências de sua crueldade possam ser encontrada em suas cartas. Sem Catarina, é pouco provável que seus filhos tivessem permanecido no poder. Os anos em que reinou foram chamados de “a era de Catarina de Médici”.


Catarina de Medici.


E como descrito por um de seus biógrafos, Mark Strage, "ela foi a mulher mais poderosa da Europa no século XVI".


Conclusão.


Existem 43 países com monarquias no mundo, atualmente. As mulheres ganham destaque nas realezas, sejam como rainha reinante, consortes, regentes ou pretendentes ao trono. Com o fim da era Elisabetana, a Dinamarca é o único país com uma rainha reinante — Margarina II. Paralelamente, outras quatro monarquias atuais possuem mulheres em sua linha direta de sucessão como herdeira aparente ou presuntiva: Bélgica, Espanha, Países Baixos e Suécia.


Conheça a história dessas rainhas, através de outras mídias digitais.



Para mais história das mulheres, acesse meu canal do Youtube: @historiafeminina - https://www.youtube.com/


Textos retirados na íntegra e trechos modificados dos seguintes sites:




Trabalho : RAINHAS NA INTERNET: A DESCONSTRUÇÃO DE ESTEREÓTIPOS E SUA ABORDAGEM JUNTO AO PÚBLICO DO BLOG “RAINHAS TRÁGICAS” Prof. Me. Renato Drummond Tapioca Neto Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia


Trabalho: A Rainha Mãe: A Maternidade como fonte de Poder na Idade Média (séculos XIII a XV) Danielle de Oliveira dos Santos-Silva

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