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Quase rainhas! (Parte I)

Atualizado: 21 de set. de 2023



Ao longo da história, os monarcas selecionaram esposas por seu sangue real e importância política, mulheres de quem realmente gostavam e pelas quais se sentiam atraídos eram renegadas a serem meras amantes. Essas mulheres eram geralmente aristocratas ou mesmo plebeias e não eram consideradas as candidatas ideais para a importante posição de rainha consorte.


Porém, muitas amantes passaram a exercer grande poder e várias delas venceram todas as probabilidades e conseguiram se tornar rainhas. Outras não alcançaram essa façanha mais chegaram muito perto da coroa. Na "parte I", conheceremos quatro de oito amantes que chegaram muito perto da coroa, mas devido a romances desastrosos, ressentimentos e morte prematura, elas perderam a chance de serem rainhas.


Christina Rokiczana.

(1330-1365)



Christina Rokiczana, foi quase Rainha da Polônia. Ela nasceu na cidade de Praga, hoje República Checa. Seu pai era prefeito e a mesma se casou com um rico comerciante, homem muito mais velho do que ela e que lhe deixou uma vasta fortuna quando morreu. Christina tornou-se dama de companhia na corte do Sacro Imperador Romano, Carlos IV, em 1356.


Casimiro III, rei da Polônia, visitou o imperador, ele era conhecido como Casimiro, o Grande, por transformar a Polônia, devastada pela guerra, em um reino rico e por duplicar o território do país. Sua primeira esposa, Aldona da Lituânia, deu à luz duas filhas e morreu aos 29 anos. Casimiro não ficou impressionado com sua segunda esposa política, Adelaide de Hesse, e estava pensando em maneiras de abandoná-la, foi quando Cristina chamou sua atenção.


Casimir III o Grande, por Jan Matejko.

REINADO: 1333-1370


O imperador encorajou o romance e o rei logo levou Cristina de volta para Cracóvia e se casou com ela. Casimiro expulsou a rainha Adelaide, mas ele não se incomodou em se divorciar oficialmente dela. A ex rainha consorte dirigiu-se para a Hungria, onde se queixou à irmã de Casimiro, a rainha Isabel, do terrível tratamento que sofrera.


Os protestos de Adelaide foram levados até o papa, que declarou o terceiro casamento do rei Casimiro bígamo. O romance dele com Cristina esfriou e ela estava enfrentando problemas de saúde como a perda de cabelo e um caso grave de sarna, o que não a ajudava.


E ainda, o rei percebeu que seus nobres nunca aceitariam os filhos que ele tivesse com Cristina, pois os mesmos não seriam considerados legítimos herdeiros ao trono– ela era de origem plebeia e como Casimiro tinha apenas filhas, ele precisava de um herdeiro homem para garantir a sucessão.


Alguns registros afirmam que o relacionamento de Christina e Casimiro terminou em meses, enquanto outros documentos apontam que ela ficou na Corte Real por sete anos. De qualquer maneira, seu casamento foi considerado morganático. Esse tipo de casamento é quando um monarca desposa alguém de posição social inferior, evitando assim que a pessoa de posição superior transmita seus títulos ou propriedades para seu cônjuge, ou filhos de posição inferior.


Christina era impopular com o povo polonês, e supostamente ela ordenou que uma cabana de um camponês fosse incendiada porque estava bloqueando sua visão. Casimiro declarou-se divorciado de Cristina, mas novamente ele não apresentou a documentação papal adequada, então forjou uma dispensa papal para permitir que ele se casasse com a esposa número quatro, Edvige ou Hedwige de Sagan. Ela deu à luz mais três filhas, Casimiro morreu aos 60 anos e como não tinha filhos, o trono passou para seu sobrinho Luís.


Cristina, permaneceu na Polônia por pelo menos dois anos após ser abandonada, mas o que aconteceu com ela não se sabe.


Gabrielle d'Estrées.

(1573-1599)


Retrato, século 17.


Gabrielle d'Estrées foi quase Rainha da França. Ela nasceu no castelo de seu pai, o Marquês De Curve. Quando ela tinha dezessete anos, conheceu Henrique III de trinta e sete anos, rei de Navarra, um pequeno reino no norte da Espanha. Ele se apaixonou por ela, todavia o mesmo já tinha uma esposa, Margarida de Valois, e inúmeras amantes, mas Gabrielle rapidamente se tornou sua favorita. Henrique era abertamente afetuoso com ela e ostentava seu relacionamento.


Gabrielle e Henrique.


O pai de Gabrielle estava preocupado com sua reputação, e a casou com um nobre local, Nicolas d’Amerval, mas eles raramente se viam, pois Gabrielle passava todo o tempo com o rei. Durante as campanhas militares de Henrique, ela insistiu em dormir na tenda dele e certificar-se de que suas roupas estavam limpas e que ele comia bem, mesmo estando grávida. Como ela era inteligente e prática, Henrique confiava e seguia seus conselhos, deixando a lidar com sua correspondência do dia-a-dia, enquanto lutava.



Henrique estava envolvido nas guerras religiosas francesas, entre protestantes e católicos e havia herdado o trono da França após o assassinato do rei católico, Henrique III, mas por ser protestante, a poderosa Liga Católica recusou-se a permitir que ele fosse coroado ou entrasse na capital. Gabrielle era católica e aconselhou seu amante a se converter. Henrique renunciou ao protestantismo sendo coroado rei Henrique IV da França, em 1594.



Em seguida, ele providenciou a anulação do casamento de Gabrielle e ordenou que o governo a reconhecesse oficialmente como a amante real e, portanto, os filhos como seus, ou seja, os filhos que Gabrielle teve com o rei foram legitimados e educados como príncipes de sangue real. Henrique também a nomeou duquesa. Gabrielle era impopular com a aristocracia e panfletos maliciosos a culpavam pelos males da nação, ela recebeu o apelido de “A Duquesa da Sujeira”.


Apesar disso, Gabrielle era uma excelente diplomata e trabalhou com sua irmã protestante, Catarina de Borbon, para negociar a paz e com a ajuda delas, Henrique assinou o "Édito de Nantes" um tratado de paz que encerrou as guerras religiosas. Ele deu a Gabrielle e Catarina um conjunto de chaves de ouro que lhes concedeu assentos em seu Conselho. A esposa de Henrique, a rainha Margarida de Valois, estava entre os católicos que não concordaram com a proposta de anulação do casamento ou com os benefícios que Gabrielle havia recebido.


Margarida de Valois.


Todavia, a rainha não havia dado ao rei nenhum descendente legítimo e Gabriella já havia lhe dado dois filhos saudáveis ​​e estava grávida. Em 1599, Henrique dissolveu de vez seu casamento com Margarida e, apesar da oposição, o mesmo estava disposto a casar com Gabrielle e a tornar a rainha consorte da França. Como prova do seu compromisso, ofereceu a sua amada o seu anel de coroação. Emocionada, ela respondeu que: “Só Deus ou a morte do rei poderiam acabar com minha boa sorte”.


Entretanto, alguns dias depois, ela entrou em trabalho de parto e sofreu um ataque de eclâmpsia. O rei correu para ficar com ela, mas Gabrielle e o bebê morreram antes de ele chegar. Henrique ficou devastado e suspeitou de envenenamento, o que nunca foi provado. Ele foi o primeiro monarca francês a usar preto como sinal de luto. O mesmo deu a Gabrielle um funeral digno de uma rainha.



Catarina Henriqueta.

(1579-1633)



Catarina Henriqueta de Balzac d’Entragues, foi quase Rainha da França. Catarina foi criada numa época em que as mulheres muitas vezes procuravam se tornar amante real, uma posição que dava muito poder. Sua mãe Maria já havia sido amante de Carlos IX antes de seu nascimento. Catarina parecia um pouco com Gabrielle, mas nada tinha de sua bondade. Ela era encantadora e intrigante, mas gananciosa, possuindo um temperamento forte. No final da adolescência ela conseguiu se tornar amante de Henrique IV.


Enquanto o rei ainda estava profundamente triste com a morte de Gabrielle d'Estrées, ela conseguiu fazer com que ele prometesse por escrito de se casar com ela. Mas o rei não honrou a promessa e, em vez disso, casou com Maria de Médici. Catarina, que estava grávida, ficou furiosa na frente de toda a corte, mas ela permaneceu como amante do rei e dama de companhia da nova rainha. A mesma tratava com desrespeito a rainha e não se preocupava em disfarçar.



Catarina deu à luz um filho em poucas semanas do nascimento do primeiro filho da rainha Maria. O rei legitimou o filho de Catarina e nomeou-o duque. Tanto os filhos legítimos e ilegítimos eram criados da mesma forma e sobre o mesmo teto que a rainha, o que a deixava furiosa e frustrada. Ela tentou expulsar Catarina da corte, mas o rei estava muito apaixonado por ela. Catarina se envolveu em uma conspiração para tornar seu filho rei da Espanha. O golpe foi desfeito, mas o rei a perdoou.


Enquanto viajava por Paris, a carruagem real foi parada no trânsito, e um católico aproveitou a oportunidade para esfaquear Henrique até a morte.



Após seu assassinato, a rainha foi nomeada regente de seu filho de nove anos, o rei Luís XIII. Ela imediatamente expulsou Catarina da corte, a mesma viveu por mais 23 anos e morreu aos 54 anos.


Rei Luís XIII e sua mãe a rainha Maria de Médici.


Françoise d'Aubigné.

(1635-1719)


A marquesa retratada por Pierre Mignard, c. 1694.


Françoise d'Aubigné, foi quase Rainha da França. Ela nasceu em uma prisão em Paris, no dia 27 de novembro de 1635. Seu pai era protestante e estava preso por conspirar contra o Cardeal de Richelieu e também por dívidas. Quando sua sentença terminou, ele levou sua família para a colônia caribenha da Martinica, os abandonando por lá. Jeanne agora sendo pai e mãe para Françoise e seus irmãos, conseguiu voltar para a França em 1647.


Poucos meses depois do seu regresso a França, seu marido morreu. Françoise foi entregue aos cuidados de sua tia paterna, Louise Arthemise d'Aubigné, A vida na casa de sua tia renderam boas lembranças para Françoise. Ela recebeu uma educação protestante, rica em literatura e ciência, mas quando sua madrinha, a condessa de Neuillant soube disso, ela insistiu que Françoise fosse enviada para um convento.


Françoise não gostou da vida no convento, pois agora recebia uma educação limitada, mas tornou-se uma católica devota. Quando Françoise tinha dezessete anos, ela foi apresentada para alta sociedade, onde conheceu Paulo Scoron, uma com pessoa com deficiência, sendo 25 anos mais velho que ela. Françoise era mais enfermeira do que esposa de Paulo. Mas ele ficou muito doente e o mesmo a encorajou para continuar seus estudos e depois de oito anos, Paulo morreu.


Paulo Scoron e Françoise d'Aubigné.


Françoise ficou sem um tostão, porém teve um encontro inesperado com a amante favorita do rei Luís XIV, madame de Montespawn. Ela gostou tanto de Françoise que a pediu para ser a governanta de seus filhos. Montespawn não via Françoise como uma ameaça ao seu relacionamento com o rei. A nova babá tinha uma aparência modesta, mas não era considerada uma mulher bonita e era três anos mais velha que Luís, mas ele foi atraído por sua inteligência e natureza firme em contraste com o temperamento e teatralidade de Montespawn.


O rei Luís XIV , Montespawn e Françoise d'Aubigné.

O rei e a governanta passaram muitas horas juntos discutindo filosofia, ciência e política. Ele a recompensou com uma quantia generosa de dinheiro, que ela usou para comprar uma propriedade em Montenon. Então, o rei a nomeou Marquêsa De montenon. Montespawn ficou com ciúmes e brigou com Montanon, e ambas começaram a brigar com frequência. Mas, em 1682, Montespawn foi acusado de usar poções do amor para manter a atenção do rei e ela foi banida do palácio.


Montanon tomou seu lugar ao lado do rei como amante, sua rainha Marie Therese foi tratada rudemente por Montespawn, mas Françoise a tratava com respeito. Em seu leito de morte, aos 44 anos, a rainha deu a Françoise um anel de seu próprio dedo como prova de sua estima por ela, alguns meses depois, Françoise e o rei se casaram em uma cerimônia secreta à meia-noite.



Luis, que ficou famoso por suas muitas amantes, não teve mais casos extraconjugais. Todavia, Françoise não se tornou rainha ao se casar com o rei, pois sua união era morganático, mas ela era tratada como tal. Françoise recebeu grandes apartamentos em frente ao rei, ela era sábia e exercia um poder político considerável na corte, sendo uma primeira-ministra não oficial para o rei. Ela fundou uma escola para meninas pobres, em 1715.


O rei Luís morreu de gangrena aos 76 anos. François foi sua companheira durante três décadas, ela viveu por mais quatro anos sendo visitada por Pedro, o Grande, da Rússia, que disse que ela prestou um grande serviço à França. Françoise morreu aos 83 anos.


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Textos retirados na íntegra e trechos modificados dos seguintes sites:


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